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O intrépido jipe de exploração de Marte Spirit finalmente se aposentou. Você deve se lembrar que algum tempo atrás eu falei que ele estava enfrentando alguns problemas. Mais precisamente há dez meses, o jipe entrou em um pequeno platô; inesperadamente a superfície fina se quebrou e as seis rodas do jipe atolaram em areia bem fina.
Durante os últimos dez meses os engenheiros da Nasa procuraram livrar o jipe desse atolamento, tentando diversas manobras. Para agravar a situação, o Spirit tem uma roda inutilizada que até deu sinais de vida durante as manobras, mas travou definitivamente. Outra roda também deixou de funcionar e, no final das contas, o jipe acabou afundando mais um pouco, sem conseguir avançar mais do que alguns centímetros. Diante dos fracassos, a Nasa desisitiu. O Spirit está definitivamente preso.
Esse período foi na verdade uma corrida contra o tempo, pois o inverno estava se aproximando e com ele a redução da luz disponível. E o inverno chegou. Não bastasse o atolamento em si, o jipe está em uma posição desfavorável para receber luz solar. Pior ainda, os painéis estão cobertos de poeira, diminuindo ainda mais a luz que pode ser convertida em energia elétrica. Essa é a maior preocupação agora, manter os instrumentos operacionais até que o inverno passe. Com a carga prevista de energia, o jipe não deve ser capaz de se comunicar com a Terra. Durante esse período, ele deve usar toda e qualquer energia para manter seus instrumentos em estado de hibernação, sem deixar que as baterias congelem.
Assim que passar o inverno, o jipe Spirit se tornará a “base Spirit”. “O Spirit não morreu, apenas iniciou uma nova fase de sua longa vida”, declarou, um tanto quanto poeticamente, Doug McCuistion, diretor do programa de exploração marciana. A ideia agora é transformar o jipe em uma base imóvel, já que ela ainda está operacional, e continuar sua exploração que já dura seis anos (em uma missão planejada para durar três meses).
E o que um jipe atolado – desculpe, uma “base fixa” – pode contribuir para a pesquisa de Marte? Acredite ou não ela deve contribuir para se estudar melhor o interior do planeta, se ele tem um núcleo liquído ou não. Como? Monitorando durante meses pequenas variações na rotação de Marte. Essas pequenas variações, como pequenos bamboleios, são indicativos do estado físico do interior do planeta.
Essa seria uma contribuição magnífica para quem durou 6 anos, percorreu 15 km e tirou mais de 133 mil fotos!
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